Durante anos, os depósitos a prazo foram apresentados como a opção mais segura para as poupanças familiares. No entanto, uma análise aos dados oficiais do Banco de Portugal revela que esta perceção de segurança não corresponde à realidade económica.
Os números são claros: nos últimos 10 anos (2015-2024), quem manteve as suas poupanças em depósitos a prazo perdeu 10,20% em termos reais. O retorno acumulado obtido através deste produto de 6,12% ficou muito aquém da inflação acumulada no mesmo período: 18,18%.
A situação agravou-se significativamente nos últimos cinco anos, onde a taxa real anualizada atingiu -1,37%. Mesmo com a melhoria recente das taxas de juro dos depósitos para 1,64% anualizados, a inflação mantém-se em 3,04% anualizados, perpetuando um ambiente desfavorável para este tipo de investimento. Esta divergência crescente demonstra que o problema não é conjuntural, mas estrutural, refletindo um desajustamento fundamental entre as expectativas dos aforradores e a realidade económica.
Período |
Retorno acumulado em termos nominais | Inflação acumulada | Retorno Acumulado em termos reais |
Taxa de retorno real anualizada |
22 anos (2003-2024) | 9,82% | 11,48% | -1,49% |
-0,07% |
10 anos (2015 - 2024) | 6,12% | 18,18% | -10,20% |
-1,07% |
5 anos (2020 - 2024) | 8,45% | 16,17% | -6,65% |
-1,37% |
Cálculos realizados com base nos dados oficiais do Banco de Portugal (BPstat) e Instituto Nacional de Estatística (INE)
O período entre 2015 e 2021, caracterizado por taxas de juro ultra-baixas, foi particularmente penalizador. As taxas dos depósitos a prazo chegaram ao mínimo histórico de 0,05% em 2021, enquanto a inflação se mantinha presente. Posteriormente, o choque inflacionista de 2022, com inflação de 9,59% contra taxas de depósitos de apenas 0,85%, resultou na maior perda real jamais registada: cerca de 8% num único ano. Estes dados evidenciam que mesmo os períodos de aparente estabilidade podem ocultar uma erosão silenciosa do poder de compra.
Estes resultados demonstram que a estratégia tradicional de concentrar poupanças exclusivamente em depósitos a prazo apresenta limitações significativas na preservação do poder de compra. Na Golden Wealth Management, utilizamos esta evidência para desenvolver estratégias de investimento que procuram proteger efetivamente o património dos nossos clientes contra a erosão inflacionista. A diversificação e a gestão ativa tornam-se ferramentas essenciais num contexto onde os produtos tradicionalmente considerados conservadores não conseguem cumprir o objetivo básico de preservação de riqueza real.