Em agosto, os mercados financeiros globais enfrentaram uma forte volatilidade devido a dados económicos decepcionantes nos EUA e à decisão do Banco do Japão de aumentar a sua taxa de juro. Nos EUA, indicadores como o ISM da Indústria e o fraco relatório de emprego alimentaram os receios de uma recessão, enquanto a decisão do Banco do Japão de aumentar a taxa de juro de referência, em 25 pontos base, provocou apreciação abrupta do iene e a reversão de posições de carry trade. Estes fatores resultaram em desvalorizações expressivas nos mercados acionistas, com os investidores a procurarem refúgio na componente de obrigações.
Ainda assim, na segunda metade do mês de agosto, uma resposta rápida das autoridades monetárias, e sobretudo a confirmação da inversão da política monetária restritiva da FED, uma sólida época de resultados no segundo trimestre (que mostrou poucos sinais de um abrandamento económico iminente), bem como dados de inflação saudáveis nos dois lados do Atlântico, contribuíram para o rápido retorno do apetite pelo risco, com a maioria dos mercados acionistas a recuperarem, na totalidade, as perdas registadas no arranque do mês. Nos EUA, o S&P 500 valorizou em agosto pelo quarto mês consecutivo, e na Europa, o Stoxx 600 atingiu novos máximos, animado por notícias positivas sobre o abrandamento da inflação nas principais geografias da zona euro, o que continua a suportar a expectativa de que Banco Central Europeu deverá continuar a aliviar a política monetária restritiva. Desta forma, a percepção de cortes iminentes nas taxas de juro, tanto por parte da FED como de BCE, ajudou a restaurar o apetite pelo risco entre os investidores.
As matérias-primas voltaram a ter um mês negativo, pressionadas sobretudo por uma queda na cotação do petróleo, sustentada na fraca procura por parte da China, numa altura em que a economia continua a evidenciar alguns sinais de debilidade. O ouro, por sua vez, renovou máximos históricos, impulsionado pelas expectativas de cortes de taxas nos EUA e de um aumento das tensões geopolíticas, sobretudo no Médio Oriente, beneficiando assim do seu papel de ativo de refúgio. O mercado cambial teve como destaque a queda do dólar, penalizado principalmente pelas crescentes expectativas agressivas de cortes de taxas de juro por parte da FED, este ano, com o par Eur/Usd a alcançar, ao longo de agosto, níveis que não eram vistos desde julho de 2023.