No contexto da atual crise pandémica, os estímulos monetários têm desempenhado um papel determinante, levando os investidores a um escrutínio apertado ao que os Bancos Centrais (BC) fazem e ao que dizem.

As últimas duas semanas foram férteis em reuniões. Iniciaram-se com a reunião do Banco Central Europeu (BCE) no dia 11, a Reserva Federal norte americana (Fed) no dia 17 e o Banco do Japão (BoJ) e Banco de Inglaterra (BoE) ambos a reunirem no dia 18 de março.

Apesar de não termos assistido a alterações ao nível das taxas de juro de referência, as atenções voltaram a centrar-se nas declarações dos seus responsáveis, procurando pistas relativamente às suas intenções futuras.

De uma forma transversal, as autoridades monetárias aproveitaram as últimas reuniões para voltarem a reforçar os seus compromissos em continuar a apoiar a recuperação económica, mantendo para tal as taxas de juro “baixas” e continuando a ser importantes participantes no mercado através da manutenção dos seus programas de compras de ativos.

Recorde-se que os balanços dos principais BC dispararam para níveis historicamente elevados, enquanto compram quantidades massivas de títulos de dívida soberana, corporativa e até mesmo ETFs. Atendendo à natureza prospetiva dos mercados, os investidores procuram antecipar o momento da retirada destes estímulos monetários, numa altura em que as previsões dão conta de uma recuperação forte da atividade económica acompanhada de uma (ainda ligeira) subida da inflação.

 

Previsões Bancos Centrais

 

BoE
BCE
Fed
BoJ
ANO
PIB Inflação PIB Inflação PIB Inflação PIB Inflação
2021
-9,2 (-6,5) 0,8 (0,7) -6,9 (-7,3) 1,5 (1,0) 6,5 (4,2) 2,2 (1,8) 3,9 (3,6)

0,5 (0,4)

2022
14,2 (10) 2,1 (2,1) 4,0 (3,9) 1,2 (1,1) 3,3 (3,2) 2,0 (1,9) 1,8 (1,6)

0,7 (0,7)

2023
1,3 (2,1) 2,1 (2,0) 2,1 (2,1) 1,4 (1,4) 2,2 (2,4) 2,1 (2,0)

 

Fonte: BoE, BCE, Fed, BoJ e Golden Wealth Management.
Entre parêntesis previsão anterior. Informação relativa às previsões mais recentes (março de 2021, com a exceção do BoE e BoJ que foram produzidas em fevereiro e janeiro de 2021 respetivamente).

 

Estas tentativas de antecipação dos movimentos futuros das autoridades monetárias têm vindo a abalar, nas últimas semanas, os preços de ativos de várias classes, particularmente os mercados obrigacionistas mas também os setores mais sensíveis à evolução das taxas de juro de longo prazo nos mercados acionistas, à medida que os investidores começam a descontar níveis de taxa de juro mais elevados algures no futuro

Até quando vai ser necessário manter todos estes estímulos é assim a grande questão, absolutamente determinante para a próxima dinâmica nos mercados financeiros.

 

 

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