No passado dia 26 Jerome Powell, presidente do Conselho de Governadores da Reserva Federal dos Estados Unidos da América, fez o seu discurso no Jackson Hole Economic Policy Symposium 2022, no estado de Wyoming.

O tema da inflação foi o maior destaque dos seus comentários e essa palavra foi utilizada 46 vezes nos 10 minutos do seu discurso.

9% é o mais recente registo de inflação naquela economia e Powell e a sua equipa estão determinados a alcançar a meta dos 2%. Tendo esse objetivo em mente, os governantes estão disponíveis para taxas de juros mais altas, um crescimento económico mais lento, condições mais fracas no mercado de trabalho, sabendo que isso trará alguns problemas para as famílias e empresas. Acreditam ainda que, caso não tomem medidas assertivas, a dor a sofrer poderá ser muito maior.

Enquanto a inflação nos EUA atingiu recordes dos últimos 40 anos, os dados económicos têm-se revelado mistos nos últimos trimestres, registando-se algum abrandamento na economia comparando com 2021. Apesar disso, verifica-se um mercado de trabalho robusto, mas com desequilíbrios significativos com a procura de “mão de obra” a superar a oferta. Powell diz aguardar pelos próximos dados económicos para tomar algumas decisões sobre as taxas de juro, na próxima reunião em setembro, mas é expectável que o sentido de subida se mantenha e que estas medidas deverão perdurar por algum tempo até se encontrar a estabilidade dos preços.

Powell fez ainda referência à experiência da alta inflação nos anos 70 e 80 e da baixa inflação dos últimos anos para tirar algumas lições de como lidar com a questão atual, a saber:

- Os bancos centrais devem tomar as medidas necessárias para manter a inflação a níveis baixos;

- O objetivo de ter a estabilidade dos preços é incondicional;

- A inflação elevada é um fenómeno global originado pela procura excessiva e uma oferta condicionada por eventos anormais ocorridos nos últimos 2 anos;

- Há relação direta entre a inflação alta e as expectativas da inflação, como aconteceu nos anos 70;

- As famílias e as empresas deverão levar em conta a alta inflação na tomada das suas decisões económicas voltando a focar-se noutras questões quando se verificar uma inflação baixa.

O presidente da FED terminou a sua intervenção reforçando que insistirão neste tipo de medidas restritivas até que o seu objetivo seja cumprido.