“Performance comes, performance goes. Fees never falter.”

Warren Buffet, Annual Letter Shareholders 2018

 

Ou, como diria Gordon Gekko(1), “Fees Never Sleep”.

 

Os mercados financeiros são caracterizados pela sua volatilidade, sendo que um investidor irá, provavelmente, não só assistir a períodos de ganhos, como também de perdas, o que poderá vir a afetar a sua confiança de forma significativa. Note-se que, além da importância de uma correta alocação do património de acordo com o seu Perfil de Investidor, importa frisar o preço de estar exposto aos mercados financeiros.

Nesta matéria, a seleção dos custodiantes dos portefólios de investimento ganha especial importância. As comissões de transação de títulos, bem como os custos de custódia e manutenção, podem levar uma importante fatia das potenciais mais-valias. Identificar as contrapartes com o preçário mais atrativo é essencial.

Para quem executa muitas transações em bolsa, o mais importante será seguramente ter em atenção as comissões de negociação, mas um investidor do tipo buy and hold, a comissão de guarda de títulos ou a comissão cobrada na distribuição de dividendos e juros será provavelmente mais relevante.

 

* À exceção da comissão de subscrição de fundos de investimento, que, por norma, tem um limite máximo, todas as restantes têm, por norma, um limite mínimo, pelo que investidores com montantes mais pequenos podem ser prejudicados.

 

 

Ora, claro está, que destes custos excluímos as taxas globais de custos inerentes a Fundos de Investimento ou ETF’s, que deverão ser igualmente tidos em conta, quer seja por parte de um investidor profissional, quer seja por parte do serviço de Advising ou de Gestão que um investidor pretenda contratar.

 

A pertinência destes serviços de aconselhamento/gestão reside na alocação do património pelas diferentes classes de ativos, bem como na seleção dos melhores ativos para investir (onde as taxas globais de custos deverão entrar em consideração).  Deverá ser considerada a qualidade do serviço, sendo um aspeto importante a experiência e o grau de especialização dos recursos humanos afetos ao serviço, informação, bem como os encargos de execução inerentes a este pacote. A seleção das contrapartes/custodiantes faz também parte do trabalho dos advisors/gestores.

 

Sendo verdade que estes últimos custos são transversais a qualquer contraparte, considerando a mesma share classe do fundo, tendencialmente diríamos que perdem relevância no tema da seleção dos custodiantes. No entanto, ao analisar a oferta dos vários bancos, são evidentes as discrepâncias entre as soluções e respetivas classes disponíveis para subscrição. A título de exemplo, a diferença das soluções da Golden em classe institucional versus classe retalho (que, regra geral, constitui a oferta da banca portuguesa) pode atingir 1%/ano (em média).

 

 

Não obstante, o preço não é (nem deve) ser o único fator a ter em conta na escolha da contraparte.

A definição de um modelo de avaliação de contrapartes é igualmente indispensável para minimizar a exposição ao risco de crédito das respetivas instituições financeiras.

Muito embora existam mecanismos de proteção de depósitos como o Fundo de Garantia de Depósitos em Portugal, que garante até ao limite de 100.000 euros por depositante e por instituição de crédito ou o The Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC) nos EUA, que garante até um limite de 250.000 dólares americanos, deve ser sempre considerada a qualidade creditícia do banco. Este torna-se um motivo de preocupação se as instituições financeiras apresentarem uma deterioração das condições financeiras e falharem a assumir os seus compromissos.

A história mostrou-nos que não existe nenhuma instituição “too big to fail”, pelo que a análise da saúde financeira é, inevitavelmente, fundamental. Para uma melhor perceção desta realidade, apresentamos, de seguida, algumas variáveis a ter em conta neste processo:

 

O seu país e respetiva regulação

O contexto legal será, tendencialmente, decisivo, bem como o responsável pela respetiva supervisão. Caso esteja seja equivalente à União Europeia, é um fator positivo a seu favor.

 

 

Systemically Important Financial Institution

São instituições que representam um sério risco para a economia em caso de colapso. A estas é imposta uma carga extra de regulamentação e exigências de capital.

 

 

Rácios de Capital

Rácios como o Core Tier 1 e Tier 1 são indicadores da solvabilidade de um banco que medem a “saúde” do seu capital, através da sua relação com os seus ativos. Como nem todos os ativos têm o mesmo risco, estes são ponderados com base no risco que apresentam. Por exemplo, um título de governos poderia ser caracterizado como um “ativo sem risco” e dado com ponderação de risco de 0%. Por outro lado, a hipoteca subprime pode ser classificada como um ativo de alto risco e pesar 65%. De acordo com as regras de capital e liquidez de Basileia III, todos os bancos devem ter um rácio mínimo de ativos ponderados pelo risco (RWA) de 4,50% até 2019.

 

 

Expectativas do mercado de eventos de crédito

Os Credit Default Swaps a 5 anos e a sua variação nos últimos 6 meses fornecem importantes interpretações do mercado das expectativas de que a entidade em questão entre em incumprimento na sua dívida.

 

 

Rating

O rating da entidade, bem como a sua possível variação, avalia a sua capacidade de pagar as suas dívidas. Por exemplo, a Moody’s considera que os maiores bancos portugueses têm feito progressos na melhoria da qualidade dos ativos e no reforço de capital, mas o ainda elevado crédito problemático e a baixa rentabilidade persistem como problemas.

Por fim, a monitorização da qualidade do serviço prestado e da capacidade de resposta, constituirá o culminar de todo o modelo de avaliação das contrapartes, que deve ser revisto periodicamente. Numa nota final, importa realçar que o bom aconselhamento financeiro está no cerne da atividade de gestão patrimonial. Neste sentido, a arquitetura aberta traz a vantagem do acesso não apenas os produtos e serviços da própria entidade, mas também às melhores alternativas de investimento oferecidas por agentes externos. Com isto, pretende-se transmitir um último fator de peso na avaliação de uma contraparte. A arquitetura aberta é sinónimo de rigorosa análise técnica, com núcleo num processo de due dilligence: conjunto de procedimentos que permitem apurar quais são, efetivamente, os melhores instrumentos para obter exposição ao mercado financeiro.

 

 

Comprometidos com os nossos clientes, estamos focados nestes e noutros temas relevantes para a otimização dos seus investimentos, realizando uma monitorização contínua de todo o espectro financeiro.