As taxas de juros negativas tornaram-se parte das ferramentas dos Bancos Centrais para fazer face a uma desaceleração da atividade económica quando as taxas de juros nominais se encontram muito baixas. Depois do Banco Central da Suíça ter sido o primeiro a aplicá-las entre 1972 e 1978, numa tentativa de estabilizar a sua economia e evitar uma apreciação da sua moeda, foi depois da Grande Crise Financeira de 2008 que assistimos à sua democratização e utilização mais generalizada.

Desde 2008 que muitas economias desenvolvidas ficaram presas a um ambiente de baixo crescimento, baixo investimento e baixa inflação. Os governos e as autoridades monetárias mobilizaram-se e numa tentativa concertada de estimular a atividade económica e o crescimento adotaram políticas de cortes de taxas de juro, recapitalização de bancos e implementação de pacotes de estímulos monetários e fiscais (onde se incluíam as taxas de juro negativas).

 

Figura 1: evolução política monetária, fonte: Bloomberg

 

O Banco Central da Dinamarca aderiu a este regime em 2012 e foi seguido por vários outros congéneres europeus em 2014. Em 2016 foi a vez do BoJ (Bank of Japan).

À medida que estas intervenções foram surtindo efeito e as economias mostraram sinais de recuperação da crise, os Bancos Centrais viram a oportunidade ideal para começar a remover estímulos, mas nesse preciso momento eclodiu uma Pandemia de Covid 19 em 2020. A cartilha de combate à crise foi novamente recuperada e as autoridades monetárias voltaram a aplicar novos cortes de taxas de juro e novas injeções de estímulos para níveis nunca antes vistos.

Desta vez os resultados foram um pouco diferentes, com a particularidade de que à medida que foram surgindo constrangimentos nas cadeias de distribuição decorrente dos lockdowns assistimos a uma subida consistente e com contornos de persistência por parte dos níveis de inflação.

Entrámos assim em 2022 com os Bancos Centrais em modo de normalização das suas políticas monetárias e a sinalizar ciclos agressivos de subidas de taxas de juro.

 

 

A violência destas subidas foi transversal às várias geografias e maturidades (nos EUA as taxas a 2 anos subiram mais do que a 5 e 10 anos inclusive), começando a mostrar níveis de taxas de juro que não assistíamos há muitos anos. Portugal não escapou à regra e remunera atualmente os seus credores a 10 anos a 2,11%, quando no final do ano passado pagava 0,49%.

 

Terá acabado o dinheiro barato?