Foi uma semana mais difícil para os mercados financeiros, nomeadamente para as ações. O princípio de acordo entre os EUA e China no que toca à sua relação comercial bilateral, não foi suficiente para gerar otimismo entre os investidores. A intervenção militar de Israel no Irão, na madrugada de sexta-feira, provocou um aumento da aversão ao risco, até pelo receio de um escalar da situação durante o fim de semana.

Numa semana com poucos dados económicos, destacou-se o facto de a inflação nos EUA ter saído abaixo do que era esperado. Entretanto, a Casa Branca sinalizou Scott Bessent, atual Secretário de Estado do Tesouro, como sucessor de Jerome Powell à frente da FED, quando estamos ainda três anos antes do fim do seu mandato. A estratégia política parece ser de diminuir a autoridade de Powell e preparar o mercado para uma nova orientação da política monetária.

Destaques da semana Mercados sob tensão geopolítica

Neste contexto de maior incerteza geopolítica, as matérias-primas valorizaram com alguma expressão, destacando-se os ganhos do petróleo e dos metais preciosos. O dólar voltou a ter uma semana negativa, tendo o Eur/Usd cotado em máximos não vistos desde outubro de 2021.

 

Classes de Ativos:

Destaques da semana Mercados sob tensão geopolítica

Obrigações:

A combinação de incertezas quanto ao comércio internacional, dados económicos mais fracos e tensões geopolíticas justificaram uma maior procura de dívida soberana, num movimento habitual de aversão ao risco. Os prémios de riscos corporativos alargaram ligeiramente, mas permanecem próximos dos mínimos recentes e penalizaram mais a dívida high yield do que o investment grade. A dívida das geografias emergentes voltou a ser castigada, sobretudo a denominada em moeda local.

Mercados Acionistas:

Foi uma semana negativa nos mercados acionistas, marcada pela intensificação do risco geopolítico após a intervenção militar de Israel ao Irão e receios de escalada do conflito. Donald Trump gerou mais ruído quanto à guerra comercial e tarifária, mas os mercados vão mostrando indiferença em relação ao tema.

Commodities:

O índice de commodities fechou em alta com a subida do petróleo a mais do que compensar a queda do dólar. O petróleo disparou mais de 10%, tendo chegado aos $77,62 - máximos de janeiro - depois do ataque de Israel ao Irão. O ouro também beneficiou deste contexto geopolítico e subiu mais de 3%, estando cada vez mais perto de máximos históricos. O cobre recuou cerca de 1%, pressionado por fracos indicadores industriais globais. As agrícolas estiveram em baixa após uma desilusão pelo facto de a negociação entre os EUA e a China não incluir uma alusão a estes produtos.

Forex:

O dólar permanece na tendência negativa que o vai caracterizando desde fevereiro. Em 2025, o dólar está a perder 9,76% e o Dollar Index desceu 9,59%. Após ter atingido os $1,1631 na quinta-feira, o Eur/Usd recuou em reação à intervenção militar de Israel. A libra também teve uma semana negativa face ao euro, respondendo a sinais pouco encorajadores na economia do Reino Unido e ao aumento da probabilidade de dois cortes de taxas de juro este ano por parte do Banco de Inglaterra. O Eur/Gbp chegou a £0,8546, níveis que não eram vistos desde 25 de abril.

Conclusão:

A semana foi marcada por uma combinação delicada de fatores geopolíticos e económicos que aumentaram a volatilidade nos mercados financeiros. A frágil tentativa de reconciliação entre os EUA e a China revelou-se insuficiente para acalmar os investidores, enquanto a escalada militar no Médio Oriente reavivou os receios de instabilidade prolongada. Neste ambiente, os investidores procuraram refúgio em ativos considerados mais seguros, como as obrigações soberanas e os metais preciosos, ao mesmo tempo que penalizaram os ativos de risco, nomeadamente ações e dívida de mercados emergentes. A evolução futura dos mercados irá depender, em grande parte, da estabilização do cenário geopolítico e da clareza quanto à orientação da política económica global.