Durante a atual Presidência de Donald Trump, tudo o que se relaciona com política comercial na principal economia mundial  passou a ter um novo mote: a imprevisibilidade é a única coisa previsível! Ou, nas palavras do próprio: “Sorry, it's the way I negotiate” “It has done very well for me over the years” “It’s doing even better for the country.” Após o aviso das autoridades Chinesas de que iriam colocar tarifas em importações no valor de 75 mil milhões de dólares em produtos norte-americanos, incluindo em carros ou peças de automóveis, sucederam-se uma série de avanços e recuos com anúncios retaliatórios por parte de Trump. E, por cima deste ziguezague de declarações, Trump anunciou um aumento de tarifas para bens importados da China, atualmente nos 25%, para 30% a partir de 1 de outubro e, além disso, anunciou que se prepara para aumentar de 10 para 15%, em duas fases, as tarifas correspondentes a 300 mil milhões de dólares de importações da China. A retórica belicosa nestas guerras comerciais voltou assim a intensificar-se dramaticamente nos últimos dias, contudo, os agentes económicos têm particulares dificuldades em lidar com os fluxos de informações erráticos e por vezes contraditórios em que os avanços e recuos são permanentes.

 

Os mais recentes exemplos destas voltas e reviravoltas no tema relações comerciais EUA-China são: as duas supostas chamadas telefónicas ocorridas durante o último fim de semana de agosto durante a reunião do G7, entretanto negadas por Pequim, mas que, segundo Trump foram “muito, muito boas"; as declarações  de Trump ocorridas imediatamente após o encontro G7, quando questionado se tinha dúvidas relativamente às consequências de tarifas aduaneiras adicionais sobre os bens chineses ter admitido que “Sim, porque não? Pode ser que sim, pode ser que sim. Eu tenho dúvidas em relação a tudo”! Estas declarações geraram particular controvérsia, uma vez que surgiram apenas horas depois de os EUA terem anunciado um novo pacote de novas tarifas sobre as importações da China e após declarações de Trump de que todas as empresas norte-americanas deveriam começar a preparar-se para a possibilidade de ter de abandonar todas as suas atividades na China!

 

A elevada incerteza em torno deste tema é um risco real para as economias globais! O ritmo de mudança de um cenário de novas retaliações para um contexto de tréguas é extremamente rápido e, após esta semana, é provável que se inicie um novo ciclo de grande instabilidade uma vez que a secretária da Casa Branca, Stephanie Grisham, afirmou que os comentários de Trump após G7 foram descontextualizados e que, na verdade, o presidente estava efetivamente arrependido… mas arrependido de não ter aumentado ainda mais as tarifas!!

 

O facto é que o setor industrial, mais exposto à fluidez destas negociações, está a dar alertas de contração de atividade em praticamente todas as geografias. Apesar dos resultados de indicadores de “sentimento dos empresários” como os PMI (Purchasing Managers' Index) serem de interpretação particularmente difícil num contexto de elevada incerteza e pressão mediática, é inquestionável que o receio da materialização das ameaças de novas tarifas leva as empresas a alterar o seu comportamento e a jogar pelo seguro reduzindo stocks, fazendo menos encomendas, produzindo menos e contratando menos funcionários. Assim, não é surpreendente que o valor do PMI para a indústria nos EUA referente ao mês de agosto tenha sido negativo (abaixo de 50.0) e compatível com uma contração da atividade do setor, algo inédito desde de 2009! Também na Zona Euro, Japão e China o setor industrial tem vindo a contrair nos últimos meses e o risco de contaminação para os setores dos serviços, que dependem mais de dinâmicas internas dos blocos económicos e menos do comércio internacional, é agora cada vez maior.

 

Note-se ainda, que ao contrário das primeiras tarifas de Trump que afetavam sobretudo bens industriais, as tarifas anunciadas mais recentemente afetam indiscriminadamente todos os bens importados da China, incluindo bens de consumo (roupa, calçado, brinquedos, telemóveis, eletrónica ou computadores portáteis, entre outros) o que terá um efeito negativo muito mais visível para os consumidores norte-americanos.

 

O presidente francês, Emmanuel Macron, que foi o anfitrião da reunião do G7, resumiu de forma clara e em declarações proferidas em inglês aquilo que ia na mente da maioria dos presentes: "What's bad for the world economy is uncertainty" "The quicker an agreement is arrived at, the quicker that uncertainty will dissipate."

 

Perante este cenário, o que recomendamos aos investidores?

 

Recomendamos que os investidores se mantenham particularmente atentos e ativos implementando um posicionamento e estratégias que minorem o impacto nas suas carteiras de movimentos bruscos de correção nas bolsas.

 

Este tipo de atuação obriga contudo a um acompanhamento permanente por vezes à utilização de instrumentos financeiros complexos, algo que não é fácil ou mesmo exequível para a larga maioria dos investidores tornando o papel desempenhado pelas equipas profissionais de gestão, como a da Golden, ainda mais importante na defesa dos interesses dos seus clientes.

 

A título de exemplo, durante o ano de 2019 já por duas vezes (em maio e em julho) recorremos à compra de Put Options sobre o índice norte americano S&P 500, de forma a fazer uma redução / cobertura do risco sistemático do segmento acionista das carteiras dos nossos clientes.

 

O que são Put Options? As opções de venda conferem ao seu comprador o direito (e não a obrigação de o fazer) de vender o ativo subjacente a um preço fixado previamente (preço de exercício) numa data futura. Os investidores utilizam-nas para especular na descida ou cobrir o risco de descida de preço do ativo subjacente. Estes instrumentos permitem que os investidores obtenham ganhos com a descida do preço sem recorrer a margens ou assumir uma posição curta. A constituição de posições curtas expõe o investidor a risco ilimitado se o mercado subir enquanto que a compra de opções de venda a perda máxima é limitada ao preço pago pela opção (prémio).

 

Nota: O cenário da Golden continua a ser que o bull market ainda não acabou, no entanto, consideramos que em determinados (baixos) níveis de volatilidade implícita (VIX) e em momentos de maior euforia nos índices acionistas justifica-se, devido ao baixo custo das opções de cobertura nesses momentos, comprar estes instrumentos e cobrir parte da exposição ao mercado acionista.

 

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