Otto von Bismark, o chanceler de ferro, responsável pelo lançamento das bases do II Reich, levou no final de 1880, a Alemanha a criar aquele que é conhecido como o primeiro sistema de pensões administrado pelo governo.

A ideia fundamental permanece inalterada até aos dias de hoje: enquanto trabalhadores ativos, devemos contribuir com parte do rendimento atual para uma renda estável, a ser usufruída quando entrarmos na situação de reforma.

Muito se tem discutido nos últimos tempos sobre a sustentabilidade destes sistemas contributivos. As ameaças à sua sustentabilidade são normalmente associadas a 3 fatores: mudanças demográficas; as finanças públicas e o ambiente de investimento desafiador.

 

1. Mudanças demográficas:

O mundo desenvolvido é hoje caracterizado por taxas de fertilidade decrescentes. Em 1970 o índice de filhos por mulher era de 2,7 que hoje compara com 1,7. No mesmo período a esperança média de vida subiu de 69 para 81 anos.

A população em idade ativa está assim a encolher e a população reformada a aumentar.

Os números são claros e muito desafiadores. Na UE existem apenas 3,5 pessoas a trabalhar por cada aposentado, em comparação com quase 7 em 1950.

 

 

 

 

 

A população ativa tem assim de financiar uma população aposentada cada vez maior e por maiores períodos de tempo.

 

 

2. Finanças públicas

Em média, os países da OCDE gastam cerca de 8% do seu PIB a financiar os sistemas de pensões públicos. Nos anos 80 esse número rondava os 5,7%.

Dados os níveis elevados (e crescentes) de dívida pública é cada vez mais reduzida a margem de manobra dos governos para reforçar esta componente do orçamento público.

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3. Ambiente de investimento desafiador

As políticas de investimento restritivas, normalmente associadas a este tipo de investimento, condicionam fortemente os gestores dos ativos, privilegiando ativos considerados mais seguros como obrigações e outros títulos representativos de dívida (de bom rating).

 

 

No atual ambiente de baixa taxa de juros, é muito difícil encontrar oportunidades de retorno. 

A UBS, no seu estudo “UBS International Pension Gap Index”, avaliou 12 sistemas de pensões em todo o mundo. Calculou o quanto um trabalhador necessita economizar em particular para complementar a pensão prometida pelo sistema de pensões do país em que vive de forma a manter o nível de vida quando entrar na fase da reforma.

Constataram uma grande diversidade entre os sistemas de pensões analisados. Alguns fornecem um adequado nível de rendimento, embora a sua sustentabilidade seja questionável à luz dos desafios acima identificados. Outros, nem isso.

Verificou-se que a generalidades dos sistemas de pensões apenas garantem um nível de rendimento mínimo para cobrir as necessidades básicas. Os atuais e futuros reformados não podem assim depender destes sistemas se quiserem manter o seu estilo de vida quando entrarem na situação de reforma. 

A poupança privada apresenta-se como crucial para responder a este desafio. Alguns dos sistemas de previdência disponibilizam plataformas complementares de contribuição voluntária, inclusive com benefícios fiscais.

Uma alocação inteligente e diversificada das suas economias é fundamental para que possa ultrapassar os desafios crescentes dos mercados financeiros e assim atingir os seus objetivos finais.

 

E não se esqueça, nunca é tarde para começar a planear a sua reforma. Quanto mais cedo o fizer, melhores serão as suas perspectivas para usufruir de uma reforma segura e tranquila.