Foi uma semana de quedas na maioria das classes de ativos, excluindo-se as matérias-primas. Alguns analistas de referência de Wall Street deram a entender que poderá haver espaço para algumas correções de mercado, num contexto de uma maior incerteza em torno da política monetária da FED.

Destaques da semana: commodities resistem à pressão

Os serviços do Governo dos EUA continuam paralisados, naquela que já é a paragem mais longa de sempre. Entre os vários efeitos, destacam-se os resultantes de remunerações não pagas, auxílios sociais que não são prestados e dificuldades no transporte aéreo. A escassez de dados económicos oficiais tem feito aumentar a incerteza em torno do estado da economia dos Estados Unidos. Entretanto, três juízes do Supremo Tribunal dos EUA, mostraram ceticismo quanto à legalidade das tarifas impostas por Donald Trump.

O Banco de Inglaterra manteve a taxa de juro de referência inalterada, mas com grande divisão entre os seus membros (a votação foi 5 a 4). O Banco Central do México decidiu cortar a taxa diretora em 25 pontos base para 7,25% em resposta ao comportamento da inflação, às condições de folga da economia e à política monetária externa, que se refletiu na taxa de câmbio.

O dólar fechou a semana pouco alterado, mas o Eur/Usd chegou a atingir um mínimo de 3 meses na quarta-feira, recuperando a seguir. Os criptoativos continuam em correção – a bitcoin cotou abaixo de $100 000 esta semana e o ether já perdeu todos os ganhos do ano

Classes de Ativos:

Destaques da semana: commodities resistem à pressão

Obrigações:

À semelhança das restantes classes de ativos, a semana foi de correções para o mercado obrigacionista. Assistiu-se a uma ligeira subida das taxas de juro, transversal aos vários subsegmentos e às geografias, que foi acompanhada por uma ligeira subida dos prémios de risco corporativos. A dívida emergente interrompeu os ganhos das semanas anteriores e acompanhou as correções dos restantes subsegmentos.

Mercados Acionistas:

Regressou a aversão ao risco às bolsas globais. Apesar de a earnings season ter superado as expectativas, o mercado mostra-se agora mais cauteloso. Os catalisadores deste “risk-off” são, por um lado, uma FED menos acomodatícia do que o antecipado e, por outro, os crescentes receios sobre a sustentabilidade do capex boom em IA, com alertas vindos de negócios circulares no setor a levantarem dúvidas sobre a qualidade do crescimento.

Commodities:

O índice de commodities fechou a semana com ganhos marginais. O petróleo baixou cerca de 2%, com o regresso dos receios de procura abaixo do necessário para equilibrar o mercado. O gás natural subiu mais de 6% nos EUA, com notícias de exportações recorde do país. O ouro ficou pouco alterado, apesar de volátil, beneficiando do interesse como ativo de refúgio relativamente a outros ativos. O cobre baixou cerca de 2% com indicações de procura moderada. Agrícolas com ganhos marginais, com os operadores algo desiludidos com a falta de ação da China na importação de produtos aos EUA.

Forex:

O dólar valorizou até meados da semana, com o Eur/Usd a atingir mínimos de mais de 3 meses a $1,1472. O dólar tem beneficiado da evolução do diferencial de taxas de juro, devido à incerteza quanto à política monetária, mas também pelo aumento da aversão ao risco. A libra permaneceu pressionada pelas perspetivas de evolução da taxa de juro e por receios relacionados com a apresentação no próximo Orçamento do Estado. As criptomoedas voltaram a corrigir, reagindo a condições de liquidez menos favoráveis. A bitcoin já cotou abaixo de $100 000, o que aconteceu pela primeira vez desde junho.

Conclusão:

A semana foi marcada por uma crescente aversão ao risco, refletida nas correções generalizadas dos mercados financeiros. A incerteza em torno da política monetária da FED, aliada à paralisação dos serviços governamentais nos EUA e às tensões políticas e económicas globais, contribuiu para um ambiente de maior volatilidade. Apesar disso, as matérias-primas mostraram alguma resiliência, destacando-se como possível refúgio num cenário de instabilidade. A evolução dos próximos dados económicos e decisões dos bancos centrais será determinante para o rumo dos mercados nas próximas semanas.