A semana foi marcada por sentimentos contraditórios nos mercados financeiros. Apesar de ter começado com alguns mercados a renovar máximos históricos, os mercados acionistas globais acabaram a semana em terreno negativo. O segmento obrigacionista apresentou um desempenho positivo.

Destaques da semana_O que mexeu com os mercados globais e o ouro histórico

Com os serviços do governo dos EUA paralisados, a falta de divulgação de dados económicos levou o mercado a atribuir uma maior importância às minutas da FED, que revelaram um menor consenso sobre questões fundamentais dentro da instituição. Já as minutas do BCE confirmaram a estratégia de “esperar para ver” num ambiente de elevada incerteza global e política.

Em termos geopolíticos, Israel e o Hamas assinaram um acordo de cessar-fogo e de troca de prisioneiros. A China alargou as suas restrições às terras raras, o que levou Donald Trump a voltar a ameaçar mais contramedidas e tarifas sobre os produtos chineses.

A crise política da França, após a demissão do primeiro-ministro no início da semana, penalizou o euro, o que em conjugação com um dólar mais forte, levou o Eur/Usd para mínimos de 2 meses perto dos $1,1540. Tanto o ouro como a prata renovaram máximos históricos.

 

Classes de Ativos:

Destaques da semana_O que mexeu com os mercados globais e o ouro histórico

Obrigações:

A semana foi positiva e de consolidação para a dívida soberana. Os prémios de risco corporativos alargaram, afetando sobretudo a dívida high yield, com a insolvência de algumas empresas dos EUA ligadas às componentes automóveis a criar preocupações um pouco por todo o lado. A força do USD suportou a dívida emergente, com as emissões em moeda local a recuperarem face à denominada em moeda forte e apresentarem-se como principal vencedor da semana.

Mercados Acionistas:

A semana acabou marcada por perdas significativas nos mercados acionistas globais, destacando-se a perda nos mercados emergentes. Esse movimento foi registado principalmente na sexta-feira, na sequência das ameaças de Trump relativamente a um aumento massivo das tarifas para a China. Em termos setoriais, a semana acabou por ser positiva para os setores das Utilities e do Consumer Staples.

Commodities:

O índice de commodities fechou a semana com ganhos ligeiros, com parte dos mesmos a resultar da apreciação do dólar. O petróleo caiu mais de 3%, penalizado pela possível retaliação de Trump e algo pressionado pela ideia de que estamos numa fase de produção bem acima do consumo. O gás natural recuou mais de 5% depois de indicações de subidas de stocks acima do esperado e produção elevada. O ouro voltou a bater máximos, quebrando a barreira psicológica dos $4000, apesar do acordo para Gaza e do dólar mais forte. O cobre subiu mais 2% depois de ter ficado próximo de máximos históricos, beneficiando dos receios de escassez de oferta nos próximos meses. As agrícolas perderam 1% pressionadas pelos avanços das colheitas e pela ausência da China nas exportações dos EUA.

Forex:

O dólar registou ganhos face às principais moedas, com o Dollar Index a atingir máximos de 1 mês, enquanto o euro recuava pressionado pela crise política em França. A conjugação destes fatores levou o Eur/Usd a descer para mínimos de 2 meses, em torno dos $1,1540, recuperando na sexta-feira para acima dos $1,1600. Já o Eur/Jpy avançou para níveis não observados desde 1992, nos 177,90 ienes. O iene foi penalizado pela vitória da nova primeira-ministra, que gerou receios de que o Banco do Japão não volte a aumentar as taxas este ano. A força inicial da libra, que empurrou o Eur/Gbp até às £0,8655, dissipou-se ao longo da semana, com o par a regressar às £0,8700 no final da mesma. O mesmo ocorreu com a Bitcoin, que iniciou a semana a renovar máximos históricos acima dos $126.000.

Conclusão:

A semana foi marcada por uma elevada volatilidade e por sinais mistos nos principais mercados financeiros. Enquanto o segmento obrigacionista beneficiou da procura por ativos mais seguros, os mercados acionistas sofreram com a incerteza geopolítica e económica, refletindo a sensibilidade dos investidores a eventos políticos e decisões de política monetária. Para os investidores, este ambiente reforça a importância de uma abordagem diversificada e estratégica, com atenção redobrada à evolução das políticas monetárias, à geopolítica e às dinâmicas setoriais.