Os mercados financeiros registaram correções ligeiras esta semana, com exceção do segmento acionista japonês e das matérias-primas. No entanto, os ganhos continuam a ser transversais às várias classes de ativos no mês de setembro.
Alguns dados económicos acima do esperado, nomeadamente o crescimento do PIB no 2º trimestre nos EUA, refrearam as expectativas de um novo corte de taxas de juro já em outubro, o que prejudicou a confiança dos investidores. Os dados de mercado laboral que serão divulgados na próxima semana serão importantes para a tomada de decisão da FED na reunião de 29 de outubro.
Na madrugada de sexta-feira, Donald Trump anunciou um novo conjunto de tarifas, destacando-se as relativas aos setores farmacêutico e automóvel.
O Banco Central da Suíça manteve as taxas de referência em 0% e deu a entender que não pretende regressar aos juros negativos. No complexo dos metais preciosos, o ouro voltou a renovar máximos históricos. O dólar recuperou ligeiramente, aproveitando as menores expectativas de cortes de taxas pela FED.
Classes de Ativos:
Obrigações:
Depois de um início promissor na primeira metade do mês, ocorreu uma ligeira correção no mercado obrigacionista, que voltou a colocar o desempenho acumulado da dívida soberana em território negativo no ano. Na sequência de alguns problemas de emitentes no setor das componentes automóveis, assistimos a um alargamento dos prémios de risco corporativos, que justificaram a tomada de algumas mais-valias por parte dos investidores. A dívida emergente em moeda local acabou por ser o subsegmento mais castigado, numa semana de recuperação da força do dólar contra as principais moedas.
Mercados Acionistas:
A semana ficou marcada por perdas ligeiras nos mercados acionistas globais, com a exceção do índice japonês. O Nikkei tem vindo a beneficiar da fraqueza do iene e dos múltiplos reduzidos quando comparados com outros mercados desenvolvidos. Os investidores continuam a digerir os diversos conflitos geopolíticos, dados macroeconómicos e as diferentes perspetivas de membros dos principais bancos centrais. Em termos sectoriais, assistiu-se a uma boa semana no sector da energia, e a quedas expressivas nos sectores das farmacêuticas e telecomunicações.
Commodities:
O índice de commodities registou ganhos superiores a 2%, beneficiando-se dos ganhos do petróleo. O petróleo subiu mais de 5%, em resultado da continuação dos ataques ucranianos a infraestruturas russas. O gás natural teve perdas marginais, pressionado por perspetivas de consumo moderado. O ouro voltou a bater máximos, subindo mais de 2%, beneficiando do contexto de tensões geopolíticas e de pressão para descida das taxas de juro. O cobre subiu, com os operadores a serem surpreendidos pelo anúncio de perdas significativas em 2025 e 2026 da segunda maior mina do mundo, na Indonésia.
Forex:
O dólar recuperou face às principais divisas, devido ao refrear de expectativas quanto aos futuros cortes de taxas de juro por parte da FED. O Eur/Usd recuou para mínimos de duas semanas, a $1,1645. A libra perdeu terreno, pressionada pelas preocupações com as perspetivas de longo prazo das finanças do Reino Unido e pela recuperação do dólar. O Eur/Gbp atingiu as £0,8750, o que já não acontecia há dois meses. As criptomoedas continuam em correção, agora de forma correlacionada com índices acionistas. A bitcoin caiu para mínimos de 3 semanas, para níveis abaixo de $110 000.
Conclusão:
Apesar das correções pontuais observadas esta semana, o mês de setembro continua a revelar-se positivo para a maioria das classes de ativos. A evolução dos indicadores económicos, aliada às decisões dos bancos centrais e aos desenvolvimentos geopolíticos, continuará a moldar o comportamento dos mercados nas próximas semanas. A atenção dos investidores estará centrada nos dados do mercado laboral norte-americano e nas decisões da FED, que poderão redefinir as expectativas para o último trimestre do ano. Num contexto de elevada volatilidade e incerteza, a diversificação e o acompanhamento contínuo mantêm-se como pilares fundamentais na gestão de investimentos.