Em cada dia de negociação, os mercados financeiros contam uma história diferente. Os noticiários económicos bombardeiam-nos com análises sobre as mais recentes flutuações: "tensões geopolíticas", "preocupações inflacionárias", "mudanças nas políticas dos bancos centrais". Mas será que estas narrativas de curto prazo devem realmente orientar as nossas decisões de investimento?
A resposta reside numa pergunta fundamental: qual é o seu horizonte temporal quando decide investir? A história dos mercados financeiros oferece-nos uma perspetiva valiosa. Desde 1926, os dados revelam um padrão consistente: os períodos de valorização (bull markets) têm uma duração média significativamente superior aos períodos de desvalorização (bear markets).
Esta realidade histórica sublinha uma verdade fundamental: o tempo está do lado do investidor paciente. Contudo, a psicologia humana trabalha contra nós - experimentamos a dor de uma perda com muito maior intensidade do que o prazer de um ganho equivalente.
Historicamente, as ações têm sido a classe de ativos que ofereceu os melhores retornos a longo prazo. Para ilustrar este ponto, consideremos o período entre 2020 e 2024 – um intervalo que incluiu alguns dos eventos mais desafiantes da história moderna.
Um investidor que tivesse investido no S&P 500 em janeiro de 2020, mesmo tendo vivido a dramática queda de março de 2020 (mais de 30% em questão de semanas), teria visto o seu investimento valorizar substancialmente até 2024. Este exemplo demonstra como manter uma perspetiva de longo prazo pode transformar momentos de aparente catástrofe em oportunidades.
Mas então, porque não investir 100% em ações?
Esta pergunta natural envolve três considerações fundamentais:
1. A Incerteza dos Retornos Futuros
Como relembramos na Golden Wealth Management, retornos passados não garantem retornos futuros.
2. O Factor Comportamental
Durante 2020 e 2022, muitos índices registaram quedas de 30% ou mais. Se todo o seu património estivesse investido apenas em ações, conseguiria manter a calma e não vender no momento errado? A natureza humana tende a favorecer decisões emocionais precisamente quando a racionalidade é mais necessária.
3. O Risco da Concentração Geográfica
Um investidor português que tivesse concentrado recursos no PSI-20 no início dos anos 2000 teria uma perspetiva muito diferente. O índice português registou períodos prolongados de performance dececionante, demonstrando os riscos de uma abordagem geograficamente concentrada.
A diversificação geográfica e entre classes de ativos é fundamental. Uma carteira bem estruturada deve incluir:
- Ações de diferentes regiões (Estados Unidos, Europa, mercados emergentes);
- Obrigações para estabilidade:
- Fundos alternativos para descorrelação;
- Exposição a diferentes setores.
O objetivo é preservar capital e reduzir volatilidade, permitindo-lhe dormir descansado durante períodos de turbulência.
Os últimos quatro anos ofereceram um curso intensivo sobre diversificação:
- 2020: A pandemia causou volatilidade extrema
- 2022: A subida das taxas de juro penalizou ações e obrigações
- 2023-2024: A recuperação foi desigual entre regiões
Investidores com carteiras diversificadas navegaram estas condições com muito menos stress. A verdadeira criação de riqueza acontece quando resistimos à tentação de tomar decisões emocionais baseadas em eventos de curto prazo. Em vez disso, devemos focar-nos na construção gradual e consistente do nosso património, sempre pensando numa ótica de longo prazo.